O assassinato da vereadora
do Rio de Janeiro, Marielle Franco, do PSOL, causou indignação entre
autoridades, associações de classe e ONGs e ativistas de direitos humanos nesta
quinta-feira (15).
Um dia antes de sua morte, a
vereadora divulgou uma mensagem no Twitter condenando a violência policial e a
ação da Polícia Militar.
O assassinato de Marielle
ocorre em plena intervenção federal no Rio na área de segurança pública, em
meio a uma escalada de violência e a uma profunda crise financeira no estado.
Atos públicos em protesto
contra o assassinato foram convocados em várias capitais brasileiras. Desde a
manhã, uma multidão ocupou a frente da Câmara dos Vereadores do Rio. Entre os
gritos dos manifestantes, "Sem hipocrisia, essa polícia mata pobre todo
dia".
Marielle atuou em
organizações da sociedade civil, como o Centro de Ações Solidárias da Maré e a
Brasil Foundation. Ela coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e
Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de
Freixo.
Na Câmara Municipal,
Marielle presidia a Comissão de Defesa da Mulher. Ela apresentou um projeto
para a criação do Dossiê da Mulher Carioca, que tinha o objetivo de fazer com
que a prefeitura contabilizasse dados sobre violência de gênero no Rio.
O presidente da República,
Michel Temer, afirmou que o assassinato de Marielle e de seu motorista,
Anderson Gomes, é "inaceitável e inadmissível". Em vídeo, Temer
classificou o crime de atentado ao Estado de Direito e à democracia.
O presidente afirmou que o
governo vai acompanhar as investigações e quer solucionar o caso no menor prazo
possível. O Ministério de Segurança Pública colocou a Polícia Federal à
disposição para auxiliar na investigação. O ministro Raul Jungmann já acionou a
PF e irá ao Rio junto com o diretor do órgão, Rogério Galloro.
No Twitter, a palavra
Marielle estava em segundo lugar entre os trend topics, que indicam os assuntos
mais comentados. As hashtags utilizadas eram #NãoFoiAssalto e
#MariellePresente.
Esclarecimento do crime - A
ONU no Brasil manifestou consternação com o assassinato da ativista dos
direitos humanos e disse esperar rigor na investigação do caso e uma breve
elucidação, com responsabilização pela autoria do crime. "Marielle era um
dos marcos da renovação da participação política das mulheres, diferenciando-se
pelo caráter progressista em assuntos sociais no contexto da responsabilidade
do Poder Legislativo local", afirmou o ONU.
A Anistia Internacional
também pediu uma investigação imediata e rigorosa do assassinato. "Marielle
Franco é reconhecida por sua histórica luta por direitos humanos, especialmente
em defesa dos direitos das mulheres negras e moradores de favelas e periferias
e na denúncia da violência policial", afirmou a Anistia. "Não podem
restar dúvidas a respeito do contexto, motivação e autoria do assassinato de
Marielle Franco."
O presidente nacional da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, disse que o assassinato
de Marielle é "um crime contra toda a sociedade e ofende diretamente os
valores do Estado Democrático de Direito. O Conselho Federal da OAB acompanha o
caso e espera agilidade na apuração e punição exemplar para os grupos
envolvidos".
O governador do Rio, Luiz
Fernando Pezão, lamentou o assassinato e disse estar acompanhando a investigação
com as forças federais.
"Lamento profundamente
esse ato de extrema covardia contra a vereadora Marielle Franco, uma mulher
admirável, guerreira e atuante, de liderança inequívoca, que tanto lutou contra
as desigualdades e violência da qual acabou sendo vítima", disse.
Pelas mulheres e contra a
violência - A direção do Flamengo, clube para o qual Marielle torcia, ordenou
que a bandeira fosse hasteada a meio mastro na Gávea e afirmou que "é
difícil conviver com tantos atos de violência, que matam diariamente,
inocentes, mulheres, crianças e homens em todo o país".
A ex-presidente Dilma
Rousseff afirmou que "punir os responsáveis e continuar sua luta de
Marielle é honrar sua memória". "Marielle tinha plena consciência
que, sem as mulheres e os negros, os direitos não são humanos".
O assassinato também causou
indignação entre artistas. A cantora Elza Soares usou o Twitter para lamentar a
morte de Marielle e se disse chocada e horrorizada: "Das poucas vezes que
me falta a voz. Chocada. Horrorizada. Toda morte me mata um pouco. Dessa forma
me mata mais. Mulher, negra, lésbica, ativista, defensora dos direitos humanos.
Marielle Franco, sua voz ecoará em nós. Gritemos."
A sambista Teresa Cristina
desejou conforto aos familiares da vereadora. "Que os familiares de
Marielle Franco encontrem algum conforto diante de tamanha brutalidade".
(Da DW)
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