O ministro Sarney Filho
(Meio Ambiente) desautorizou a irmã Roseana Sarney (PMDB), na manhã da última
quinta-feira (11), no ato público de entrega da duplicação da BR-135, e ampliou
o abismo político entre os herdeiros do sarneysmo.
A distância entre os dois
parece bem maior que os cerca de 50 km, que os separavam no momento do ato
político. Nos estúdios da Rádio Mirante AM, de propriedade do clã, a
ex-governadora do Maranhão criticava o governador Flávio Dino. No Campo de
Periz, Sarney Filho precisou de apenas onze segundos para reconhecer qualidades
do governador do PCdoB e enterrar as pretensões da irmã.
“O governador Flávio Dino é
um governador democrata. É um governador que tem elevado o nível de
participação dos políticos no seu governo”, discursou Sarney Filho.
Foi em vão o esforço de
Roseana Sarney que, por 14 minutos e 47 segundos, tentou negar práticas
utilizadas pelo grupo Sarney em meio século de domínio coronelista no Estado.
“Somos um grupo que nunca
foi tido como perseguidor. Nunca perseguimos ninguém, nunca odiamos ninguém”,
repetia, numa espécie de exercício de autoconvencimento.
Sem situar concretamente a
quem ou ao que se referia, Roseana Sarney disse que “as pessoas gostam de
traição, mas não gostam de traidor” e afirmou estar tentando reunificar a
classe política com o povo maranhense. Como diria Garrincha, esqueceu de combinar
com “russo” irmão e ministro Sarney Filho.
HISTÓRICO DE REJEIÇÃO
A relação política entre
Sarney Filho e Roseana Sarney não é das mais amistosas. Em 1990, Sarney Filho
teve a pré-candidatura ao governo lançada, mas foi preterido na disputa pelo
então candidato Edison Lobão.
Em 1994, Roseana Sarney foi
escolhida candidata do grupo ao governo.
Em 2004, o ex-governador Zé
Reinaldo defendia Sarney Filho para a sucessão, mas passou a ser alvo de
ataques de Roseana Sarney. Rompeu com o grupo Sarney e apoiou a candidatura
vitoriosa de Jackson Lago (PDT), depois cassado num golpe jurídico patrocinado
pelos Sarneys.
Em 2017, Sarney Filho
decidiu lançar candidatura ao Senado contrariando a irmã, que vê no projeto
mais um empecilho na tentativa de voltar ao Palácio dos Leões.
Diferente do passado, Sarney
Filho não esconde o desconforto em ter Roseana Sarney como companheira de
chapa, conforme noticiaram recentemente jornalistas da GloboNews e Valor
Econômico. Segundo eles, o ministro do Meio Ambiente disse ter maiores chances
de eleição para o Senado numa chapa liderada pelo senador Roberto Rocha (PSDB).
Antes, ao anunciar a
pré-candidatura, em junho do ano passado, Sarney Filho afirmou a O Imparcial,
que não formaria chapa com a irmã na disputa pelo Senado.
Provável que os elogios
públicos de Sarney Filho a Flávio Dino acirrem ainda mais a disputa dos irmãos
pelo que sobrou do espólio sarneysta.
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