Se depender do eleitorado
evangélico, a zona de conforto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
na corrida presidencial vai minguar um bocado. Já a pujança eleitoral do
deputado Jair Bolsonaro (PSC) e de Marina Silva (Rede) se dilata no segmento, segundo
pesquisa Datafolha realizada no fim de setembro.
No quadro geral, Lula tem
pelo menos 35% das intenções de voto nos cenários nos quais seu nome é testado.
Numa simulação em que só evangélicos iriam às urnas, ele continuaria o mais bem
posicionado, mas com 29% de menções na sondagem estimulada –na qual são
exibidos cartões com nomes dos candidatos.
O Datafolha ouviu 2.772
pessoas em 194 municípios.
Evangélicos representam a
segunda maior camada religiosa do país (32%), segundo o Datafolha. Católicos,
que até os anos 1980 eram 9 de cada 10 brasileiros, são maioria, mas sua
presença vem encolhendo: hoje, são 52% da população. Entre eles, Lula é a opção
de 40%, tanto no cenário com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) quanto
naquele em que o tucano testado é o prefeito João Doria.
SIMULAÇÃO DE 1º TURNO –
Cenário 1 – Sem Alckmin e Ciro
Nos dois casos, Bolsonaro e
Marina disparam na preferência evangélica, com pelo menos 21% e 17% das
intenções de voto, respectivamente –quando Lula está na jogada, ainda que por
margem estreita, católicos preferem o deputado à ex-senadora.
SIMULAÇÃO DE 1º TURNO –
Cenário 2 – Sem Doria e Ciro
E se o ex-presidente, que
enfrenta problemas na Justiça que podem impedi-lo de concorrer, não se
candidatar? Aí é Marina, única evangélica entre os principais pré-candidatos,
quem lidera a corrida, escolhida por 27% daqueles que seguem sua fé e 21% dos
guiados pelo papa Francisco.
Bolsonaro vem em segundo
lugar, com 23% entre evangélicos e 16% entre católicos.
SIMULAÇÃO DE 1º TURNO – Cenário
3 – Sem Lula e Alckmin
A indisposição de
evangélicos com Lula também sobressaiu quando entrevistados foram indagados
sobre o candidato em quem não votariam de jeito nenhum. A taxa de rejeição ao
petista chega a 46% nessa fatia religiosa –só os que se declaram espíritas
kardecistas/espiritualistas rechaçam ainda mais o ex-presidente (52%).
Levando em conta todas as
filiações religiosas, essa taxa cai para 42%. Católicos são menos antipáticos a
Lula: 39% o descartariam no pleito.
Com Bolsonaro o quadro se
inverte: a rejeição, que no quadro geral é de 33%, cai a 27% no eleitorado
evangélico. O parlamentar se declara católico (parcela na qual tem 34% de
resistência), mas foi batizado nas águas do rio Jordão, em Israel, pelo pastor
Everaldo, presidente de seu partido, teve o casamento com a terceira esposa
celebrado por Silas Malafaia e vem buscando aproximação com esse segmento.
Evangélicos também são mais
benevolentes com os nomes tucanos cotados para disputar a Presidência: o
governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria têm, respectivamente, 28% e
22% de taxa de rejeição, contra 33% e 25% da média católica (religião
professada pelos dois).
Já a objeção a Marina é de
21% entre evangélicos como ela e dispara a 29% entre seguidores do Vaticano.
Filho de uma ex-católica
convertida à Assembleia de Deus, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal
Joaquim Barbosa, que não se declara candidato mas costuma ser lembrado por
eleitores para o pleito de 2018, é o menos rejeitado: 21% (todos), 23% (só
católicos) e 19% (evangélicos).
REJEIÇÃO – Em %
Evangélicos têm menos apego
partidário do que católicos: 66% dizem não ter uma sigla preferida, contra 59%
do maior grupo religioso do país. O favoritismo do PT é maior entre católicos
(22%) do que entre evangélicos (18%). Idem com PMDB: 6% e 3%, nessa ordem. Já o
PSDB angaria os mesmos 4% de predileção em ambos os segmentos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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