As malas de dinheiro
encontradas pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (5), em um
apartamento que supostamente seria utilizado pelo ex-ministro do governo Michel
Temer (PMDB), Geddel Vieira Lima, como “bunker” para armazenar dinheiro vivo em
Salvador, na Bahia, lembram uma ação da PF de 2002, que acabou comprometendo a
então governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) e mudou definitivamente os
rumos da campanha eleitoral daquele ano.
Na época, agentes da polícia
encontraram R$ 1,2 milhão em maços de R$ 50 na sede da Lunus, empresa
administrada por Jorge Murad, marido de Roseana e pré-candidata à Presidência
da República pelo PFL.
A busca e a apreensão da
pomposa cifra no escritório de Jorge Murad foram determinadas pela Justiça, que
buscava ramificações de fraudes cometidas na Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
A PF chegou a indiciar Roseana
e mais 25 pessoas, entre elas Jorge Murad, por estelionato, formação de
quadrilha e peculato em fraudes no Projeto Usimar, bancado pela Sudam e que
previa a instalação de uma fábrica de autopeças em São Luís, orçada em R$ 1,38
milhões, mas que nunca saiu do papel.
Após eclodirem as denúncias
contra Roseana e seu marido, Murad voltou a ocupar cargo no primeiro escalão do
governo maranhense e Roseana acabou desistindo da Presidência para concorrer a
uma vaga ao Senado. A intenção dos dois: ganhar foro privilegiado durante as
investigações. A estratégia da filha do oligarca José Sarney acabou dando
certo. A Operação Lunus acabou sendo um grande fracasso para a Polícia Federal,
já que um ano depois das apreensões, o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou
o processo contra Roseana sobre as fraudes milionárias.
Resta saber se Geddel vai
ter a mesma sorte (ou articulação) de Roseana, e a ação “Tesouro Perdido” da
PF, que encontrou caixas e malas com grande quantidade de dinheiro em imóvel do
ex-ministro, não resulte na prisão do político – que no final de agosto virou
réu por tentativa de obstrução à justiça -, e figure apenas como mais uma
lamentável anedota sobre fraudes e corrupção na recente história política do
Brasil.
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